PARQUE DOS MOINHOS DE ABELHEIRA

Marinhas, Esposende

Certamente que, há muito tempo, a farinação de cereais se faria em moinhos de vento em alternância com os hídricos, nos quais as moagens só era exercida nas épocas em que as águas dos rios e ribeiros o permitiam.

No século XV, surgem os moinhos de poste e só mais tarde, atendendo ao fato de que só era necessário mudar a orientação do velame para o expor continuamente ao vento, se dá o aparecimento do moinho fixo de torre em que a única coisa que roda é o tejadilho. Desconhece-se o inventor deste engenhoso sistema, a data e local do seu aparecimento mas, Ernesto Veiga de Oliveira (1983), de acordo com uma citação de Carlos Baroja, arrisca a afirmação de que o aparecimento do moinho de torre se deu no século XVI, no norte da Europa.

Estes moinhos eólicos fossem eles fixos, de torre, de tipo mediterrâneo ou giratório, situam-se sempre em pontos de altitude elevada, nos cumes dos montes, nos seus flancos ou ainda em espaços planos, abertos e sem barreiras às correntes de vento.

Em Portugal, no seu litoral e nomeadamente nesta zona da costa de Esposende, a torre dos moinhos apresentam uma forma cilíndrica – por vezes ligeiramente cónica – sendo o telhado cónico móvel. Os velames em pano, em tudo semelhantes aos das embarcações, são em número de quatro sendo suportados por oito varais ligados entre si por arames. A orientação das velas em direção dos ventos é feita através de um sistema de rabo – também designado de prancha –, e que consiste numa vara ligada à capucha que era colocada no exterior, precisamente no lado oposto do velame, para que fosse manobrado a braço conforme o “sopro dos ventos”. Ainda hoje, podemos apreciar um conjunto significativo de edificações que restam aos antigos moinhos de vento na zona de Abelheira, em Marinhas, ou ainda em Cedovém, em Apúlia.

grande objetivo do Parque dos Moinhos da Abelheira é recuperar e colocar ao serviço da comunidade este conjunto de azenhas e moinhos de vento, classificado como de Interesse Municipal, transformando-o num parque temático ligado às energias renováveis e ao ciclo do pão. Na primeira fase serão intervencionados os moinhos de vento números 3, 6 e 7, mas o futuro parque temático abrange sete espaços expositivos, onde será apresentado todo o processo que envolve a sementeira e a recolha do grão, assim como os diversos processos necessários à sua preparação para a moagem.

Nesta primeira fase procedeu-se, então, ao restauro de três edifícios molinológicos, onde se fez a recuperação funcional a partir dos vestígios remanescentes no local, resgatando toda a informação tecnológica e capitalizando os resultados na reconstituição fidedigna de um moinho (no que respeita a materiais, técnicas construtivas, volumes, paleta de cores, soluções tecnológicas tradicionais e molinologia local). Quanto aos outros dois moinhos, foram recuperados parcialmente, garantindo o emprego de técnicas não invasivas e consequentemente a preservação da integridade dos elementos existentes.

O projeto avança agora para uma segunda fase, mais imaterial, referente a trabalhos especializados em que serão apetrechados os moinhos. Para o moinho recuperado na íntegra, pretende-se que seja o primeiro dos três exemplares a visitar. Neste iniciar-se-á a visita, instalando-se para o efeito um espaço de receção. Para além disso, será possível trazer as lembranças de como este local era no passado, sendo possível moer os grãos de milho ao vivo e de forma idêntica à original. Será colocada informação sobre o processo tradicional de moagem e acerca da transformação de energia eólica em energia mecânica. O Moinho 6 será o Moinho da Etnografia, o qual será dedicado ao ciclo do pão e à etnografia a ele associado, as histórias e os saberes tradicionais relacionados com a produção de pão, do grão à farinha. O Moinho 7 será designado por Moinho do Futuro Energético, o qual abordará o futuro da energia, diferenciando-se dos outros exemplares pelo seu aspeto mais vanguardista. Aqui o visitante poderá conhecer no interior do moinho, mecanismos em que poderá estabelecer comparações acerca da paisagem atual e naquilo em que ela se poderá tornar, se não existir uma política ecológica por parte da comunidade em geral.

Será ainda criado e implementado no exterior, um circuito temático com vários infopontos e mesas interpretativas e mesa skyline, que apoiará o visitante num sistema de autónomo a interpretar os moinhos e a sua importância na economia local, para além de toda a envolvente natural num de rara beleza paisagística.

Esposende reúne vários moinhos eólicos e hidráulicos. Entre os núcleos dos engenhos de moagem movidos pela força do vento, além dos de Abelheira estão referenciados os de Cedovém em Apúlia (citados anteriormente), entre outras unidades disseminadas pelo concelho. Refira-se que a Casa das Marinhas, foi inspirada, arquitetada e construída a partir de um moinho e transformada em habitação, pelo conceituado arquiteto esposendense Viana de Lima.

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